Imprensa é poder bandido

Resposta:

(Julho de 2004)

Vende o que o espírito humano gosta, como catástrofes, escândalos e outros destrutíveis; não o que precisa.

Aprovam ou desaprovam pessoas, fazendo a opinião pública obedecer

Assim a imprensa vive:

(a)provocando intriga, jogando uns contra outros, para colher declarações bombásticas e maléficas a todos; futrica, buscam intriga para obterem notícias permanentes, entre artistas, independente do potencial artístico que tenham, e entre políticos, independente da ética e ação política que exerçam.

(b)a pesar de os políticos participarem de nossa vidas, a imprensa vive de lembrar aqueles que são dignos de críticas.

(c)com os artistas, que fazemos parte da vida deles, além de intrigas, busca a elevação de alguns e o esquecimento de outros.

(d)não noticia, interpreta, analisa e comenta como verdade.

(e)acima de tudo e de todos, mente, omite, faz o que quer; ninguém pode dizer nada contrário, declara-se perseguida.

(f)terrorista, amedrontando todos os seus desafetos; já vi repórteres ameaçando comerciantes.

(g)desinformando, produzindo notícias e vendendo exclusividades.

Assim...

(a)para se colocarem contra Bush, na guerra dos EUA contra o Iraque, defendem o 11 de Setembro como internacionalmente legítimo e legal; aplaudem homens-bomba em nome de seus motivos; criticam as torturas não oficiais, tentando apagar anos do flagelo institucional que sempre existiu por ali; apresentam os seqüestros e as decaptações como trunfos de todos pelo anti-americanismo.

(b)para atenderem o que interessa à expectativa popular, um exemplo que estou vivendo atualmente: No programa chamado Big Brother Brasil, muitos anônimos passaram, alguns permaneceram lembrados pela mídia, outros voltaram ao anonimato; a imprensa tem mantido em evidência, aqueles que se envolveram em drogas e tráficos, no ócio da ignorância, nos escândalos amorosos ou sexuais, os que foram para as páginas de revistas pornográficas; aqueles que estão dando duro nos estudos, como é o caso de uma que está sendo minha aluna na faculdade, passou para o time dos esquecidos, dos, parece, propositadamente recanteados, já que este tipo de informação não produz euforia.

Agora...

Está estampado em todas as capas de revistas e de jornais, o medo apavorante que a imprensa brasileira está vivendo com o projeto de se criar um Conselho para acompanhamento das atividades de jornalistas e de empresas detentoras das notícias. É um banditismo exagerado. Mas uma coisa é certa, mais cedo ou mais tarde, isso diminui, acabou esse tempo de farwest animalesco e cruel para todos, inclusive para eles mesmos.

25 de Setembro de 2004

A credibilidade da imprensa, hoje em dia, é tão grande, no seio de seus leitores e assinantes, que a melhor atitude de um político ou outro perspicaz qualquer, é fazer com que ela se coloque contra ele mesmo ou seus projetos. Foi assim que:

Lula foi eleito Presidente da República, quando a esperança venceu o medo

George W. Bush tem melhorado sua aceitação para as próximas eleições nos EUA (em 4 de novembro, ele já está eleito, com a maior votação que um presidente recebeu para chegar ou voltar à Casa Branca)

Chaves não deixou a presidência da República venezuelana

Os donos dela, políticos da ditadura, estão perdendo poder e respeito a cada eleição, no Brasil.

04 de Outubro de 2004

Apesar de muitas novidades, folheio uma revista de mais de 100 páginas em 10 minutos, sentindo satisfeito, pois a muitas reportagens que apresenta, um percentual de 80 % não merece meu crédito, então ler para que? não acredito que saibam tanta intimidade de tanta gente, e informe tanta coisa que nem mesmo os envolvidos saibam. São mentirosas e a mentira delas fazem mal ao intelecto. Estou preferindo a mentira, menos elaborada, da tv, pois além de não terem tanto tempo para construírem suas inverdades, ainda contam com o medo do outro tele-jornal desmentir o que está contando.

04 de Novembro de 2004

Estou disposto a, vez por outra, fazer uma análise geral e crítica de algumas atitudes e comportamentos da imprensa. As datas anteriores a esta, são materiais que me chegaram após este momento....

Revista IstoÉ, de 3 de Novembro de 2004 = depois de ter feito uma tendenciosa entrevista favorável a José Serra, candidato a prefeito de São Paulo, que publicou na semana que antecedia o domingo do 2º turno, dando tempo a qualquer tipo de repercussão favorável ao candidato, ela faz uma entrevista amigável com Marta Suplicy, também candidata, publicando na semana, a partir do domingo da eleição, e coloca como um dos títulos de capa, “Marta encosta em Serra”. Nesta edição, há dois grandes espaços de direito de resposta, concedido pela justiça, por reportagem criminosa feita pela revista, contra alguém como resultado daquilo que o presidente Lula mencionou, o “denuncismo”, só para se fazer detentora de notícias de primeira mão. Nesta mesma revista há uma super valorização de uma novela, trazendo o de sempre, a mancha de que só uma emissora faz e faz bem feito, que ninguém mais sabe fazer, trancando todas as portas que poderiam absorver mais o potencial artístico do Brasil; assim, os poucos que estão na Globo, estão com tudo, e todos os outros estão à margem.

Revista Veja, de 10 de Novembro de 2004 = na capa, chama a atenção para Yasser Arafat, homem que depois de muitos anos de terrorismo direto, assumiu postura permissiva ao terrorismo de grupos, marqueteiramente, fora do seu controle; agora morto, é herói da humanidade para a imprensa; isso quer dizer que Bin Laden, com certeza já morto, tornar-se-á gente da mesma categoria dentro de pouco tempo. Entre muita propaganda, entrevista um cirurgião plástico brasileiro de sucesso na mídia americana, nas “cartas” dos leitores, um elogio sobre a capa anterior, quando a estátua da liberdade está de olho machucado por um soco, só porque o povo americano votou contra a imprensa mundial, e isso é tomado contrário à democracia; o “Radar”, na verdade, é um grupo de notícias fofoqueiras, o objetivo maior é criar intrigas, despertar medos e rancores. Em seguida vem um reportagem com interesse evidente de desbancar o PT, afirmando que, com todas estas letras, o partido está perdendo nos grandes centros e está sendo mais aceito pela gentalha do interior, o que dá vantagem ao PSDB que está rejeitado pelo povinho, e está sendo aceito nos grandes centros. Há uma reportagem de elogio aos políticos não políticos, os chamados “sem sal”; outra reportagem apontando o que o PT está isolando o Senador Eduardo Suplicy, por opiniões diferentes que ele tem em relação à cúpula, sem considerar que isto é uma constante no partido, simplesmente por causa de sua estrutura dialética, o que é diferente de outros muitos partidos. Uma reportagem mantendo o espírito pessimista, a pesar do ambiente avançador do país, quando informa sobre o crescimento vertiginoso do comércio externo brasileiro, porém sem esquecer que “ainda falta muito a avançar”. Depois, uma nota pequena, informando que em Salvador, Antônio Carlos Magalhães foi derrotado, com a foto do vencedor, mesmo sendo do PDT, junto da marca do PSDB, e o comentário de ACM dizendo que isto não o abala, pois Salvador sempre foi rebelde ao seu domínio. Um comentarista escreve uma “Carta ao Presidente”, onde, em letras garrafais, diz que com uns tipos de petistas ao lado dele, em 2006 não será reeleito. Uma reportagem paga, onde Xuxa vende produtos da Grendene. Uma reportagem doente expondo a opinião de alguns índios no Xingu sobre o namoro do Cacique com uma loira. Outra reportagem paga em favor do turismo em Porto de Galinhas, em Pernambuco e outras praias, em outros Estados. Uma reportagem sobre a reeleição de Bush, “O Segundo Império” onde apresenta uma lista de atitudes e posturas negativas que poderá tomar, compara os EUA com outros impérios do passado; na reportagem um interesse de demonstrar que foi um atraso para aquele país... tudo porque o povo americano, como no Brasil, e em muitas partes do mundo, deu uma “banana” para o que a imprensa pensa e quer. Depois um articulista, com o título “em tempo de trevas”, em legras grandes diz que o que mais assusta nas eleições americanas, além do belicismo do presidente, é o triunfo das trevas na terra da democracia e da liberdade. Em seguida, outra reportagem, afirmando que a Alta Corte estará com Bush “na cruzada conservadora dos costumes. Com o título de “o fim do dono da história”, a reportagem sobre a vida, os ódios, e as práticas terroristas, de todas as formas” do Bin Ladem palestino. O resto está dentro deste mesmo espírito geral da revista, da imprensa e da mídia de uma forma geral.

Revista Veja, 17 de Novembro de 2004 = o editorial da revista é um resmungar, de novo, do vice-presidente do país, substituindo aquele ministro que se demitiu; na busca de fazer intrigas, uma reportagem destacada afirma que José Dirceu está em guerra ao receber a responsabilidade da articulação política do governo; noutro momento, ainda provocando intrigas, FHC diz que as forças armadas sempre pediram seu vice presidente como ministro da defesa, mas ele sempre resistiu; sobre a eleição americana, uma derrota para a imprensa, a vox populi descobriu, que a pesar de tanta campanha anti Bush por parte da imprensa nacional, para os brasileiros, somente 57% eram favoráveis à vitória de Kerry nos EUA; uma grande reportagem demonstrando a fisiologia do PMDB, atualmente e sempre, buscando respingar no governo, mostrando a visão de que se este partido ficar na base governista, é porque, com certeza, recebeu o que pretende. No desejo de mostrar que todos os políticos e todos os partidos são iguais, uma reportagem, “Um PT com ficha suja na Polícia”, onde dois políticos petistas estão sendo indiciados por crimes variados. Noutro momento, outro esforço, “briga paralisante entre as ministras Marina e Dilma perde força e as obras, finalmente, parece que vão andar”. Uma reportagem, tentando mostrar que tinham razão em propagar campanha anti-Bush, uma reportagem mostrando os vários tipos de eleitores que votaram mais nele, com uma pergunta: “ele vai levar em conta o eleitorado heterogêneo ou governar apenas para os religiosos?”. Um repórter imbecil, e com o mesmo espírito da revista e da mídia em geral, afirma que os evangélicos estão sofrendo preconceito cultural, político e étnico pelas elites pensantes das metrópoles (possivelmente gente “pensante” do tipo dele). Como sempre, neste novo sentido, falando sobre televisão, o repórter de sempre procura desfazer o empenho da Record em fazer “O Aprendiz”, fazendo questão de mostrar os defeitos. Em seguida, uma grande reportagem sobre o livro escrito pela viúva de Roberto Marinho. Lastimável, mas perfeitamente previsível, mais uma mídia doentia e desinformante que o Brasil pode se “orgulhar” de ter.

Agora eu encerro esta iniciativa, pois, com certeza, será sempre esta mesmice. É certo que não mudarão, e se, quando fizerem isto, volto a dizer aqui.

17 de Março de 2005 = estou com a Revista Veja nº 11, edição 1.896, de 16 de Março de 2005, e nela, um bom exemplo do que é a imprensa. Com apoio da revista, tendo letras grandes chamando a atenção, dizendo a política da revista, e da imprensa em geral: “Esta é a última coluna em que Lula irá aparecer. Achincalhá-lo foi uma farra por dois anos e meio. Agora a farra acabou. Peguei bode. Estou farto. Fico com perebas na pele só de ver sua cara ou ouvir sua voz. Somatizei Lula”. Alguns textos são: Enjoei de Lula... De hoje em diante, ele morreu. Desde que Lula chegou ao poder, dediquei cerca de 5 mil horas a ele... Li tudo que ele falou. Li sua obra completa. Fui de comício em comício, de palanque em palanque, recolhendo e analisando no microscópio cada despropositado perdigoto expelido por sua boca. Minha coluna se transformou numa espécie de bestiário lulista, em que colecionei todas as suas monstruosidades. Amolá-lo virou meu dever. Virou mer bordão. Virou meu ponto-de-venda. Semanalmente, eu era desafiado a inventar novas variações para a mesma piada... a idéia era usar qualquer artifício para ridicularizá-lo. Comparei-o a um escravo vestido de rei do Congo... Não sinto animosidade por Lula. Pelo contrário. Sou-lhe imensamente grato. Só tenho boas recordações do período. Acompanhei seu governo como se acompanha um filme vagabundo... filme vagabundo é para ser visto em companhia de amigos, assobiando, vaiando e avacalhando rumorosamente. Foi o que tentei fazer aqui na coluna. Filme vagabundo é assim: quanto pior, melhor. O divertimento está justamente na implausibilidade do roteiro, na incapacidade técnica, na precariedade de recursos na ruindade dos atores. Lula conseguiu reunir tudo isso, como nos grandes clássicos do filme B... Era bom depreciar Lula quando ninguém o fazia. Agora não. Todo mundo o deprecia. Mais e melhor do que eu... Lula só é elogiável quando se considera a baixa expectativa que havia em relação a ele... Para elogiar a gestão da economia de Lula, é necessário achar que o país estaria pior caso Serra tivesse sido eleito. Eu não acho isso. Acho que estaria melhor. Faríamos tudo igualzinho. Só que não teríamos perdido dois anos. Adeus Lula”. Isso quer dizer que a imprensa recebe a concessão para atuar, e nisto ela se sente perfeitamente livre para sentir ou não animosidade por alguém, e a partir daí, “achincalhá-lo” como bem quiser. Isso é a imprensa.