investigação realizada pelo Pr. Psi. Jor Jônatas David Brandão Mota
001 RETÓRICA DE SUPREMACIA RELIGIOSA
002 DISCURSO DE ÓDIO NAS MÍDIAS SOCIAIS
003 IMPOSIÇÃO DE VALORES RELIGIOSOS NA POLÍTICA
004 ATAQUES FÍSICOS A TEMPLOS E PRÁTICAS RELIGIOSAS
005 LIMITAÇÃO DA EXPRESSÃO RELIGIOSA EM ESPAÇOS PÚBLICOS
006 CAMPANHAS AGRESSIVAS DE CONVERSÃO
ASSOCIAÇÃO DE OUTRAS RELIGIÕES AO MAL
CENSURA A CONTEÚDOS EDUCATIVOS E CULTURAIS
USO DE PROGRAMAS DE TELEVISÃO PARA DEMONIZAR OUTRAS RELIGIÕES
CONEXÃO ENTRE POLÍTICA CONSERVADORA E RELIGIÃO
SEGREGAÇÃO EM COMUNIDADES
INTERFERÊNCIA EM CELEBRAÇÕES CULTURAIS E RELIGIOSAS
RESTRIÇÕES A POLÍTICAS DE LAICIDADE DO ESTADO
PROPAGAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS EM RELAÇÃO A OUTRAS RELIGIÕES
APROPRIAÇÃO POLÍTICA DA RELIGIÃO
RETORNO À MORALIDADE PURITANA
DEMONIZAÇÃO DE CULTURAS LOCAIS
DOMÍNIO DE ESPAÇOS PÚBLICOS COM MANIFESTAÇÕES EVANGÉLICAS
PROPAGANDA ANTI-ECUMÊNICA
PRECONCEITO VELADO NO MERCADO DE TRABALHO
Muitos evangélicos adotam uma visão de que sua fé é a única verdade, levando-os a ver outras religiões como inferiores ou enganosas. Essa retórica cria uma base de intolerância, onde o objetivo é converter ou marginalizar aqueles que seguem outras crenças.
7. BIBLIOGRAFIA
- A História do Cristianismo - Paul Johnson, 1976
- Cristianismo e Civilização: A Difusão da Religião no Ocidente - Charles Taylor, 2007
- As Cruzadas: A Primeira Guerra Santa do Ocidente - Thomas Asbridge, 2010
- Os Escolhidos de Deus: Religião, Raça e Poder no Brasil Contemporâneo - Brenda Carranza, 2015
- O Protestantismo e o Espírito do Capitalismo - Max Weber, 1905
- Neopentecostalismo e a Modernidade Religiosa no Brasil - Ronaldo de Almeida, 2017
- A Reforma Protestante - Diarmaid MacCulloch, 2003
- A Religião na História do Brasil - Silvia Lara, 1997
- O Reino de Deus no Brasil: O Evangelicalismo e os Evangélicos - Ricardo Mariano, 1999
- Evangelicalismo e Cultura Política - John H. Yoder, 1994
DISCURSO DE ÓDIO NAS MÍDIAS SOCIAIS
Plataformas digitais são usadas para disseminar preconceitos contra religiões de matriz africana, espírita, muçulmana, religiões e filosofias orientais, entre outras. Frases ofensivas e desrespeitosas viralizam, reforçando estereótipos e promovendo o ódio contra essas religiões.
7. BIBLIOGRAFIA
- O Discípulo Radical - John Stott, 2010
- A Igreja Ferida: Confrontando o Ódio e a Violência - Amy-Jill Levine, 2018
- Cristianismo e Intolerância: Entre o Reino e o Império - Bart D. Ehrman, 2011
- A História da Intolerância Cristã - Michael J. McClymond, 2001
- Jesus e o Islamismo - F. E. Peters, 2005
- Deus Tem um Sonho - Desmond Tutu, 2004
- O Caminho de Jesus e a Psicologia do Amor - James Martin, 2014
- Religiões Afro-Brasileiras: Preconceito e Resiliência - Reginaldo Prandi, 2000
- Intolerância Religiosa no Brasil - Maria das Dores Campos Machado, 2014
- Espiritismo no Brasil: História e Reflexões - Marcel Souto Maior, 2005
IMPOSIÇÃO DE VALORES RELIGIOSOS NA POLÍTICA
Bancadas evangélicas em diversos países, especialmente no Brasil, pressionam para que leis baseadas em princípios religiosos cristãos sejam implementadas, marginalizando outras religiões e seus direitos de expressão e prática.
1. PODER POLÍTICO E INFLUÊNCIA RELIGIOSA
Em diversos países, a influência de bancadas evangélicas no cenário político cresce, sendo visível principalmente no Brasil. Essas bancadas atuam para implementar leis baseadas em princípios religiosos cristãos, visando transformar o cenário legislativo segundo suas crenças. Esse movimento, no entanto, contradiz os ensinamentos de Jesus, que evitou envolver-se em questões de poder político. Em João 18:36, Jesus declara que “o meu reino não é deste mundo”, demonstrando que a fé verdadeira é vivida, não imposta. A imposição de valores religiosos na política abre espaço para a discriminação de outras crenças, forçando valores de um grupo específico sobre uma sociedade plural.
2. REPRESSÃO À DIVERSIDADE RELIGIOSA
A pressão por políticas e leis que favorecem práticas cristãs cria uma atmosfera de exclusão, especialmente para praticantes de religiões minoritárias e ateus. Bancadas evangélicas promovem projetos de lei que limitam o direito ao uso de símbolos religiosos de outras crenças, marginalizando assim práticas como as de religiões afro-brasileiras, muçulmanas e orientais. Jesus, em sua mensagem, demonstrou respeito à diversidade ao interagir com diferentes culturas e indivíduos, como o centurião romano e a mulher samaritana (Mateus 8:5-13 e João 4:7-26). A imposição de valores religiosos por meio da política distorce a mensagem inclusiva de Cristo.
3. POLÍTICAS DE RESTRIÇÃO À EDUCAÇÃO LAICA
Outro aspecto da influência evangélica na política é a tentativa de controlar o conteúdo educacional, buscando introduzir o ensino religioso nas escolas públicas e vetar temas que vão de encontro às doutrinas evangélicas, como a evolução, a diversidade sexual e de gênero. Em contraste, Jesus encorajava o desenvolvimento pessoal e o aprendizado, sem impor uma visão restritiva ou doutrinária, como em Lucas 10:25-37, onde ensina sobre o amor ao próximo sem discriminações. Essa interferência compromete o direito ao ensino laico e desconsidera o respeito às diferentes crenças e opiniões, fundamentais para uma educação inclusiva.
4. MARGINALIZAÇÃO DE MINORIAS ATRAVÉS DA LEGISLAÇÃO
Muitas bancadas evangélicas atuam para criar ou apoiar políticas que discriminam minorias, especialmente religiosas, raciais e de gênero, em nome de "valores cristãos". Tais medidas contradizem os princípios de compaixão e justiça presentes no ensinamento de Jesus, que priorizava o bem-estar dos oprimidos e marginalizados (Mateus 25:34-40). Historicamente, a perseguição religiosa se mostrou perigosa, resultando em repressão e violência, e esse histórico é reproduzido em novas formas de exclusão por parte de algumas lideranças evangélicas, que promovem a ideia de uma sociedade homogênea e alinhada com seus princípios.
5. CONTROLE MORAL E SOCIAL
Os esforços para estabelecer um "padrão moral cristão" por meio de leis e políticas de controle moral afetam negativamente a liberdade de expressão e de prática religiosa. Muitos evangélicos utilizam argumentos de “moralidade cristã” para justificar restrições, como a censura de conteúdos culturais e o veto a práticas religiosas. No entanto, Jesus pregou sobre o amor ao próximo e sobre a autonomia individual, como em Marcos 12:31. O controle moral exercido pela força política evangélica reflete uma visão autoritária que contradiz o exemplo de Cristo, que incentivava a consciência individual e não a coerção.
6. PERSEGUIÇÃO A RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRO-BRASILEIRAS
O aumento da presença política evangélica intensifica a repressão de religiões afro-brasileiras, promovendo leis que impedem o uso de espaços públicos para manifestações culturais e religiosas. A liberdade religiosa é fundamental para a convivência e a igualdade, sendo um direito assegurado pela Declaração Universal dos Direitos Humanos. Em seu ministério, Jesus nunca usou de leis para coagir ou reprimir crenças alheias, mas sim respeitou e dialogou com a diversidade cultural e religiosa de sua época, um exemplo que contrasta com a tentativa de marginalizar religiões de matriz africana.
7. MARGEM DE INTOLERÂNCIA E FUNDAMENTALISMO
O crescente fundamentalismo religioso dentro da política promove um clima de intolerância, alimentado por discursos que incentivam o preconceito e o ódio contra crenças diferentes. Os movimentos de supremacia religiosa não refletem o ensinamento de Jesus sobre amar o próximo e evitar julgar os outros. Em Mateus 7:1-5, Jesus exorta os cristãos a evitar julgar e a olhar para si antes de criticar os demais. Esse fundamentalismo religioso corrói os princípios de respeito e igualdade, promovendo a divisão entre as pessoas e distanciando-se da proposta de amor e paz de Cristo.
BIBLIOGRAFIA
- Cristianismo e Política: Uma Introdução - William Wilberforce, 2010
- A Ascensão do Cristianismo Fundamentalista - Frances Fitzgerald, 2017
- Direitos Religiosos e Liberdade na Política Contemporânea - Ronald Inglehart, 2019
- Jesus e o Poder - N.T. Wright, 2002
- Fundamentalismo e Modernidade - Karen Armstrong, 2000
- O Império Cristão e Suas Contradições - Philip Jenkins, 2014
- A Ética de Jesus - John H. Yoder, 1994
- Religião e Política no Brasil - Maria das Dores Campos Machado, 2007
- A Religião e o Estado Laico - Marcelo Figueiredo, 2016
- Liberdade de Expressão e Intolerância Religiosa - Marilena Chaui, 2004
ATAQUES FÍSICOS A TEMPLOS E PRÁTICAS RELIGIOSAS
Grupos evangélicos radicais têm vandalizado terreiros de religiões afro-brasileiras e mesquitas, numa tentativa de eliminar a prática de religiões que consideram "demoníacas" ou contrárias aos seus ensinamentos.
BIBLIOGRAFIA
- Cristianismo e Tolerância Religiosa: Uma História Conturbada - James Carroll, 2010
- Jesus e o Conflito com a Cultura: Uma Análise Ética - N.T. Wright, 2003
- Intolerância Religiosa no Brasil - Reginaldo Prandi, 2006
- A Ética de Jesus e o Pluralismo Religioso - John Hick, 1995
- Religião e Política no Brasil Contemporâneo - Christina Vital da Cunha, 2014
- O Protestantismo e as Religiões Afro-Brasileiras - David Trigueiro, 2011
- Fundamentalismo e Tolerância no Cristianismo Moderno - Karen Armstrong, 1998
- História da Intolerância no Mundo Cristão - Paul Johnson, 2012
- Jesus e os Outros: Um Diálogo Inter-religioso - Hans Küng, 2004
- Religião, Cultura e Conflito no Brasil - Cecília Mariz, 2015
Alguns líderes evangélicos defendem a remoção de símbolos de outras religiões em espaços públicos, alegando que a exibição desses símbolos é contrária ao cristianismo. Isso prejudica o pluralismo religioso e o direito à livre expressão religiosa.
1. EXCLUSIVISMO RELIGIOSO E A REMOÇÃO DE SÍMBOLOS
Em vários contextos, líderes evangélicos têm promovido campanhas para a remoção de símbolos de religiões afro-brasileiras, budistas, espíritas e outras crenças em locais públicos, com o argumento de que sua exibição é uma afronta aos valores cristãos. Essa postura é baseada em uma interpretação exclusivista do cristianismo que desconsidera a diversidade religiosa como parte do tecido social. Jesus, no entanto, ao longo de sua vida, mostrou respeito pelos diferentes grupos culturais e religiosos, interagindo com samaritanos e outros povos de fé distinta (João 4:7-9), deixando claro que a aceitação e o diálogo são elementos centrais de sua mensagem.
2. INTOLERÂNCIA NA POLÍTICA RELIGIOSA
A pressão para limitar a expressão de outras religiões nos espaços públicos tem se intensificado por meio da atuação de bancadas evangélicas em câmaras e assembleias. Esses representantes promovem a remoção de imagens e símbolos religiosos sob o argumento de que a nação deve seguir exclusivamente os valores cristãos. Esse tipo de política prejudica o princípio do Estado laico e impede que outras religiões ocupem espaço na sociedade de forma equitativa. Jesus ensinou que o reino de Deus não se restringia a fronteiras políticas e não estava vinculado à imposição de valores sobre os outros (Mateus 22:21).
3. A SUPRESSÃO DO PLURALISMO RELIGIOSO
Ao remover símbolos religiosos de diferentes crenças, a diversidade é reprimida, prejudicando a convivência entre diferentes tradições espirituais. O pluralismo religioso é um elemento que enriquece a cultura e fortalece a liberdade de escolha. Jesus, em várias de suas parábolas, demonstrou abertura e compaixão para com todos, sem restringir a religião ou espiritualidade a um único grupo ou perspectiva. A parábola do bom samaritano (Lucas 10:25-37) é um exemplo claro da postura inclusiva e compassiva que ele desejava que seus seguidores adotassem.
4. RETIRADA DE CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS
Em países como o Brasil, a remoção de símbolos religiosos afro-brasileiros de espaços públicos é uma forma de desvalorização da rica herança cultural e espiritual do país. A intolerância contra essas religiões reflete uma tentativa de apagar a presença dessas tradições da esfera pública. Ao contrário, Jesus encorajava o respeito e a dignidade para todos os povos, independentemente de suas crenças. Em Mateus 25:35-40, ele enfatiza a importância de acolher o outro e tratar todos com respeito e compaixão, ensinamento que contrasta com práticas de exclusão e intolerância.
5. ATENTADOS CONTRA A LIBERDADE DE EXPRESSÃO RELIGIOSA
A remoção de símbolos religiosos é, na prática, uma violação da liberdade de expressão religiosa, um direito fundamental garantido pela Constituição em muitos países. O pluralismo e a diversidade são bases de uma sociedade justa e democrática, onde todos devem ter a liberdade de expressar sua fé. Jesus nunca impôs suas crenças e sempre respeitou a liberdade individual, exemplificando uma abordagem de amor e respeito pelo próximo. A busca pela limitação da expressão religiosa em espaços públicos é um retrocesso em relação ao ensino do amor incondicional pregado por Cristo.
6. O DANO À COEXISTÊNCIA PACÍFICA
A convivência pacífica entre religiões é enfraquecida quando símbolos de crenças minoritárias são removidos ou atacados. A pluralidade cultural e religiosa é um fator de estabilidade social, essencial para o fortalecimento do respeito mútuo. Em Mateus 7:12, Jesus ensina o princípio de “fazer aos outros o que quer que façam a você,” que é essencial para uma sociedade que busca conviver em harmonia. A remoção desses símbolos representa um desrespeito à tradição e ao espaço do outro, minando o entendimento e a paz entre as religiões.
7. UM CAMINHO PARA A TOLERÂNCIA E A COMPAIXÃO
Para construir um ambiente de respeito mútuo e igualdade, é essencial que se valorize o pluralismo religioso e que os símbolos de todas as crenças sejam respeitados em espaços públicos. Jesus deu o exemplo de uma fé que acolhe, respeita e busca entender o outro, mesmo que ele tenha crenças diferentes. A convivência harmoniosa entre religiões reflete os ensinamentos do cristianismo, que prega amor, aceitação e compaixão para todos. Jesus, em João 13:34, pede que seus seguidores amem uns aos outros, um princípio que é a base de um relacionamento saudável e justo entre religiões e culturas diferentes.
BIBLIOGRAFIA
- Cristianismo e a Diversidade Religiosa: Um Caminho para o Diálogo - Leonardo Boff, 2011
- A Tolerância e a Intolerância na História Cristã - Paul Johnson, 2006
- O Cristão e o Outro: Religião e Pluralidade - Hans Küng, 2004
- Pluralismo Religioso e Respeito: Desafios Contemporâneos - John Hick, 1995
- Religião e Política no Brasil Contemporâneo - Christina Vital da Cunha, 2014
- Protestantismo e Outras Crenças: Diálogo e Conflito - Reginaldo Prandi, 2007
- Religião e Sociedade: O Pluralismo no Brasil - Cecília Mariz, 2013
- O Pluralismo Religioso e os Direitos Humanos - Karen Armstrong, 2009
- Jesus e as Religiões: Um Encontro de Amor - N.T. Wright, 2005
- Religiões Afro-Brasileiras e a Intolerância Religiosa - David Trigueiro, 2012
1. AGRESSIVIDADE NA EVANGELIZAÇÃO: UM CONTRASTE COM JESUS
Ao longo da história, campanhas evangelísticas muitas vezes assumiram um tom agressivo, com mensagens que demonizam outras religiões e culturas. Essas práticas ignoram o exemplo de Jesus, que nunca forçou ninguém a segui-lo. Em Mateus 11:28, Jesus convida: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso”, demonstrando um chamado baseado no amor e na liberdade, não na coerção ou intimidação. A evangelização agressiva desrespeita esse princípio e transforma a missão cristã em um exercício de poder.
2. HISTÓRIA DE CONVERSÕES FORÇADAS
Na colonização das Américas, incluindo o Brasil, a imposição do cristianismo foi frequentemente violenta. Populações indígenas foram obrigadas a abandonar suas crenças, sob pena de morte ou escravidão. A cruz e a espada muitas vezes andaram juntas, transformando o evangelho de salvação em um instrumento de opressão. Esse histórico contrasta com o ministério de Jesus, que nunca usou violência ou ameaça para transmitir sua mensagem. Ele rejeitou a força, até mesmo na defesa de si mesmo (Mateus 26:52).
3. O USO DA AMEAÇA E DO MEDO
Campanhas evangelísticas contemporâneas, em alguns contextos, ainda recorrem à ameaça de punições eternas para intimidar conversões. Essa abordagem cria medo, em vez de promover uma transformação autêntica e voluntária. Jesus, por outro lado, destacou que o Reino de Deus é como uma semente que cresce naturalmente (Marcos 4:26-29), enfatizando a paciência e a obra interior do Espírito Santo, e não estratégias coercitivas. Sobretudo, este tipo de ação demonstra falta de confiança de que o Espírito Santo é quem convence as pessoas do pecado, como afirmou Jesus.
4. DESRESPEITO À IDENTIDADE RELIGIOSA ALHEIA
Evangelizar de maneira agressiva pode desconsiderar completamente a espiritualidade de outras pessoas. Em muitos casos, as crenças indígenas, afrodescendentes ou orientais são rotuladas como "demoníacas," o que nega a dignidade dessas culturas e as coloca em uma posição de inferioridade. Em vez disso, o exemplo de Jesus com a mulher samaritana (João 4:7-26) mostra um diálogo respeitoso, que reconhece a validade da experiência espiritual do outro e a conduz gentilmente a uma compreensão mais profunda de Deus.
5. CAMPANHAS QUE GERAM CONFLITOS SOCIAIS
As campanhas de conversão agressivas frequentemente criam tensões nas comunidades, especialmente em sociedades de múltiplas religiões. Esse tipo de abordagem desconsidera os laços culturais e religiosos de uma comunidade, causando divisões. Em contraste, o ensinamento de Jesus sobre o amor ao próximo, incluindo os inimigos (Mateus 5:43-44), enfatiza o papel do cristianismo como um agente de reconciliação, não de divisão.
6. ALTERNATIVAS: O DIÁLOGO INTER-RELIGIOSO
O cristianismo tem a oportunidade de promover o diálogo inter-religioso em vez da imposição. Grandes líderes cristãos, como São Francisco de Assis, exemplificaram esse princípio ao interagir pacificamente com muçulmanos durante as Cruzadas. Jesus também mostrou esse modelo ao dialogar com fariseus, samaritanos e publicanos, demonstrando que a comunicação aberta e respeitosa é mais eficaz do que a coerção.
7. UM CHAMADO PARA RESPEITAR A LIBERDADE RELIGIOSA
O evangelho é um convite à liberdade e à verdade, não uma imposição. A coerção na evangelização contradiz os ensinamentos de Jesus, que valorizava a escolha individual. Em João 8:32, ele afirma: "Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará," ressaltando que a conversão deve ser uma resposta voluntária ao amor de Deus, e não uma obrigação. Respeitar a liberdade religiosa é essencial para viver o cristianismo autêntico.
BIBLIOGRAFIA
- O Cristo dos Povos Indígenas: Missões e Conflito Cultural - Daniel Salvatore, 2009
- Cristianismo e Cultura Afro-Brasileira: Conflitos e Convergências - Reginaldo Prandi, 2015
- Missões e Colonização: O Cristianismo na História da América Latina - Enrique Dussel, 1981
- Evangelização e Diálogo: Uma Perspectiva Bíblica - Hans Küng, 2006
- Jesus e o Diálogo Inter-Religioso - Paul Knitter, 2011
- O Reino de Deus em um Mundo Pluralista - Lesslie Newbigin, 1989
- A Igreja e as Religiões: Uma Abordagem Teológica e Pastoral - Leonardo Boff, 2002
- Intolerância Religiosa e Direitos Humanos no Brasil - Christina Vital da Cunha, 2013
- O Caminho da Paz nas Religiões do Mundo - John Hick, 1995
- Missões Sem Fronteiras: Um Chamado para o Respeito e a Dignidade - Andrew Walls, 1996
ASSOCIAÇÃO DE OUTRAS RELIGIÕES AO MAL
Muitos líderes evangélicos vinculam religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda, a práticas demoníacas, promovendo uma visão maniqueísta onde essas religiões são associadas a forças malignas.
CENSURA A CONTEÚDOS EDUCATIVOS E CULTURAIS
Em alguns contextos, evangélicos têm pressionado escolas e instituições culturais a removerem referências a outras religiões, criando um ambiente educativo onde apenas a visão cristã é ensinada e promovida.
USO DE PROGRAMAS DE TELEVISÃO PARA DEMONIZAR OUTRAS RELIGIÕES
Líderes evangélicos com programas televisivos utilizam seus púlpitos midiáticos para demonizar religiões que não são cristãs, aumentando o preconceito e alimentando a intolerância em seus telespectadores.
CONEXÃO ENTRE POLÍTICA CONSERVADORA E RELIGIÃO
A aliança de alguns evangélicos com movimentos políticos conservadores cria um cenário de perseguição onde outras religiões e culturas são vistas como ameaças aos "valores cristãos", promovendo uma agenda de exclusão e marginalização.
SEGREGAÇÃO EM COMUNIDADES
Algumas comunidades evangélicas evitam deliberadamente o contato com pessoas de outras religiões, criando um ambiente de segregação e intolerância, onde o "outro" é visto como inimigo ou pecador.
INTERFERÊNCIA EM CELEBRAÇÕES CULTURAIS E RELIGIOSAS
Em várias regiões do Brasil, evangélicos radicais interrompem ou tentam cancelar celebrações de religiões de matriz africana, atacando essas manifestações culturais sob o pretexto de proteger a comunidade de "influências malignas".
RESTRIÇÕES A POLÍTICAS DE LAICIDADE DO ESTADO
A defesa de um Estado cristão, mesmo em contextos onde o Estado é oficialmente laico, mina os direitos de outras religiões de praticarem sua fé livremente e sem interferência governamental.
PROPAGAÇÃO DE ESTEREÓTIPOS EM RELAÇÃO A OUTRAS RELIGIÕES
A disseminação de ideias preconceituosas, como a de que religiões não cristãs são "primitivas" ou "atrasadas", reforça a marginalização de seus praticantes e cria uma atmosfera de desrespeito e intolerância.
APROPRIAÇÃO POLÍTICA DA RELIGIÃO
No Brasil e em outros países, a bancada evangélica se une com outros grupos de poder para garantir que os interesses cristãos sejam predominantes na formulação de leis, muitas vezes em detrimento dos direitos de outras religiões.
RETORNO À MORALIDADE PURITANA
O movimento evangélico, especialmente em países da América Latina, tem promovido uma visão puritana da moralidade, atacando religiões que possuem rituais e práticas considerados "imorais" sob o ponto de vista cristão.
DEMONIZAÇÃO DE CULTURAS LOCAIS
Em regiões indígenas e afrodescendentes, a introdução do evangelismo tem promovido a demonização das tradições culturais e religiosas locais, desvalorizando o conhecimento ancestral e forçando a adoção do cristianismo.
DOMÍNIO DE ESPAÇOS PÚBLICOS COM MANIFESTAÇÕES EVANGÉLICAS
A crescente ocupação de espaços públicos para cultos e manifestações religiosas evangélicas tem limitado a liberdade de outras religiões de realizar suas próprias celebrações ou rituais.
PROPAGANDA ANTI-ECUMÊNICA
A negação do ecumenismo por alguns grupos evangélicos cria um ambiente de exclusão, onde o diálogo e a cooperação entre diferentes tradições religiosas são rejeitados, promovendo a divisão e o isolamento.
PRECONCEITO VELADO NO MERCADO DE TRABALHO
Em algumas situações, profissionais de religiões diferentes são discriminados no mercado de trabalho, especialmente em ambientes dominados por evangélicos, onde a contratação ou promoção pode estar relacionada à afiliação religiosa.