Anexo1 - Evangélicos perseguem os contrários à sua fé

 

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PORQUE OS EVANGÉLICOS PERSEGUEM
Inconscientemente ou não, o grande anseio do perseguido é se tornar um perseguidor para poder agir com muito mais intolerância, não só por (1) algum tipo de vingança e desabafo, mas como (2) forma "evangelística" de castigar (=conscientizar) hereges e trazê-los à "verdade"; e até com (3) uma certa boa intenção, quando acredita que seus sofrimentos o fizeram mais forte e resiliente, afirmando que quer o mesmo para suas vítimas.






Abaixo temos uma série de reportagens a serem considerados 
1.Cunha põe evangélicos no comando da Câmara
2.Bancada evangélica cresce e mistura política e religião no Congresso
3.Cunha tem apoio de evangélicos, ruralistas e bancada da bala
4.Bancada Evangélica aposta em governo Temer para avançar em pautas conservadoras
5.‘Tenho mais de 200 deputados para sustentar’, disse Eduardo Cunha, segundo delator


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1.Cunha põe evangélicos no comando da Câmara
Após anunciar que o deputado Cleber Verde chefiará a comunicação da Casa, presidente escolhe para Diretoria de Recursos Humanos servidora que jamais ocupou cargo de chefia na instituição. Fé cristã é o ponto em comum entre os três



POR FÁBIO GÓIS | 23/03/2015 08:00

CATEGORIA(S): CRISE NA BASEGESTÃO PÚBLICAMANCHETESNOTÍCIASOUTROS DESTAQUES

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Divulgação/Câmara dos Deputados

Eduardo Cunha fala a deputados da bancada evangélica em culto realizado em fevereiroO presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), nomeou na última semana a servidora Maria Madalena da Silva Carneiro para comandar a Diretoria de Recursos Humanos da Casa. O ato de nomeação, que seguiu para publicação na quinta-feira (19), foi obtido pelo Congresso em Foco antes de ser publicado. Ele designa Maria Madalena para exercer a função a partir da última quarta-feira (18). Evangélica, a advogada e teóloga de formação chefiará o setor da Câmara responsável pela maior dotação orçamentária da instituição: nada menos que R$ 4,189 bilhões, segundo o descritivo “despesa com pessoal”. Ou seja, mais de 80% do orçamento da Câmara para 2015.



Do ponto de vista político, a Diretoria de RH só está abaixo da Secretaria-Geral da Mesa e da Diretoria-Geral. A primeira tem papel determinante em todo o processo legislativo. A segunda é a mais importante instância administrativa da Câmara.

Madalena disse ao Congresso em Foco que Eduardo Cunha foi o “instrumento de Deus” para sua indicação à diretoria, mas negou que sua escolha tenha caráter religioso. Professora universitária, ela diz que sua promoção é fruto de competência profissional e dos longos anos de atividade na Câmara – onde ela começou a trabalhar em 1º de junho de 1984, sempre ocupando funções relativamente modestas, e jamais exerceu qualquer cargo de chefia.

Em sua última ocupação na Câmara, o seu trabalho consistia basicamente em guardar os livros nas estantes da biblioteca. Anteriormente, era responsável pela emissão de segunda via de crachás – tarefas de complexidade muito menor que a de diretora de Recursos Humanos.

A nova diretora entrou na Câmara dos Deputados sem passar por concurso público, mas se tornou funcionária de carreira da Casa em razão de dispositivo incluído na Constituição de 1988 que efetivou servidores que, à época, trabalhavam na administração federal. Uma semana antes de escolher Madalena para a sua equipe, Eduardo Cunha obteve do Plenário a aprovação de projeto de resolução da Mesa Diretora que dá ao próprio presidente da Câmara o poder de escolher o secretário de Comunicação Social da Casa entre os deputados no exercício do mandato.

Com a resolução, já promulgada, Cunha pode substituir o secretário de Comunicação a qualquer tempo e sem apresentar justificativa. O escolhido para chefiar a estrutura comunicacional da Câmara – que inclui serviços de TV, rádio, mídia impressa e internet – foi o deputado Cleber Verde (PRB-MA). Cleber integra a chamada bancada evangélica e seu partido, o Partido Republicano Brasileiro, é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus.

Tanto o projeto de resolução quanto a opção por Cleber Verde foram questionados por alguns parlamentares, que invocaram o apartidarismo e o caráter laico e técnico que devem orientar a administração pública no país. É a primeira vez que a Câmara terá um deputado à frente do setor de comunicação, e não um servidor especializado. Cleber é “vendedor autônomo, professor, servidor público e bacharel em Direito”, segundo seu registro oficial.

Colegas de culto

O que há em comum entre Eduardo Cunha, Cleber Verde e Madalena é que os três costumam participar de cultos evangélicos nas dependências da Câmara, junto com outros parlamentares e servidores evangélicos. No último dia 11 de fevereiro, a página de Cunha na internet reproduziu material atribuído à Agência Câmara Notícias, noticiando a participação do presidente da Câmara em um desses cultos. Na ocasião, conforme o texto, Cunha “agradeceu o apoio, praticamente unânime, dos deputados evangélicos na disputa pela presidência da Casa” e ouviu do coordenador da bancada evangélica, João Campos (PSDB-GO), o compromisso de lealdade e respaldo político.



Divulgação

Ato de nomeação de Maria MadalenaÉ prerrogativa da Diretoria de RH, entre outras, o acesso a toda e qualquer informação referente a cada um dos milhares de servidores da Câmara. Cada um deles reúne uma minuciosa ficha de informações pessoais e funcionais. Assim, ficará à disposição de Madalena o acesso a contracheques, empréstimos e ao chamado passado bancário, entre outras informações, de todos os servidores. Segundo o Guia para Jornalistas 2015, material veiculado no siteinstitucional, a Casa possui 3.349 servidores concursados, 1.573 cargos de natureza especial e 10.732 secretários parlamentares (conforme números colhidos até 31 de agosto de 2014), além de 3.056 terceirizados.



Caberá a Madalena, que até esta semana estava lotada no Centro de Documentação e Informação (Cedi) da Câmara – a biblioteca da instituição – cuidar da organização e do repasse de informações referentes ao quadro de pessoal para o Tribunal de Contas da União e à Controladoria-Geral da União, em trabalho acompanhado pelos órgãos de controle interno. Pedidos de licença ou férias, reajuste de salário, concessão de gratificações ou o pagamento de horas extras, por exemplo, têm de ser autorizados pela diretora.

Professora de deputados

Também passam pela Diretoria de Recursos Humanos casos de deslize funcional, para as devidas punições. Sindicâncias administrativas, que podem culminar em afastamento temporário ou em exclusão do funcionário do serviço público, podem ter como motivação problemas que vão do alcoolismo ou de psicopatias até a participação em ilícitos administrativos ou criminais (já houve caso, até mesmo, de envolvimento de servidor em tráfico de entorpecentes).

Para acolher e ajudar servidores às voltas com dificuldades temporárias, a Câmara criou o Programa de Valorização do Servidor (Pró-Ser), que também deve se reportar à Diretoria de RH. Estarão ainda sob a responsabilidade de Madalena a formação e o treinamento de servidores, bem como o monitoramento dos benefícios do serviço médico da Câmara, atribuição compartilhada com a Secretaria Executiva do Pró-Saúde. O Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC) – “zumbi” que, mesmo extinto em 1999, desde então já engoliu R$ 2 bilhões, como revelou a Revista Congresso em Foco – também fica sob controle da Diretoria de RH.

Para Madalena, sua escolha é natural e não deveria ser objeto de divulgação jornalística: “Fui professora de vários deputados na universidade. Se eles me indicaram, é porque eles acham que eu sou competente para assumir. Isso uma questão administrativa. Foi escolha do presidente. Na verdade, eu não tenho nada a dizer para ser digno de registro e isso sair em jornal”. Ela admitiu proximidade com deputados evangélicos: “São deputados que conheço há tempo. Como sou servidora há 31 anos, nada mais justo de que um dia ser [promovida]… Faz parte, vários servidores fazem carreira e um dia chegam a cargos de comando. Toda honra e toda glória seja dada a Deus, primeiramente. Só estou esperando que Deus me ajude e me dê capacidade para fazer jus [à indicação] e fazer uma boa gestão onde fui colocada pelo presidente [Eduardo Cunha]”, finalizou Maria Madalena da Silva Carneiro.

Identidade religiosa, não

Servidores da Câmara ouvidos pelo Congresso em Foco entendem que a nomeação de Madalena é mais um passo no sentido de tirar da Casa aquilo que ela tem de mais profissional. Madalena também já se desentendeu com o diretor-geral, Sérgio Sampaio, após anunciar que vai trocar o diretor do Departamento de Pessoal (Depes), cargo nomeado pelo diretor-geral.



Divulgação

Maria MadalenaO deputado Chico Alencar (Psol-RJ), que é católico, mas discorda do uso das dependências da Câmara para a realização de cultos, ressalta a necessidade de respeitar o caráter laico do Estado e a autonomia técnica dos profissionais de carreira no funcionamento da Casa. Por isso mesmo, é contra a entrega da chefia da comunicação a um deputado. “Um absurdo, um atropelo”, disse ele ao site.



Ele também demonstrou preocupação com a indicação para a Diretoria de Recursos Humanos. “A gente precisa analisar. Indicar alguém da Casa, com longo tempo de serviço, tudo bem. Se isso significar até boa experiência para o coletivo, também tudo bem. O que não pode haver é escolha por critérios de simpatia partidária e, muito menos, de identidade religiosa”, declarou Chico, reafirmando sua objeção aos cultos e avisando que vai questionar no colégio de líderes, “quando necessário”, iniciativas da Mesa Diretora.

“Quem quiser professar sua fé, que o faça em suas igrejas ou até em praça pública. Aqui não é adequado. No aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, tem uma capela ecumênica onde quem quer fazer sua oração, sua meditação, qualquer que seja o credo, vai. Até os ateus, se quiserem um momento de silêncio, de reflexão, também se sentem acolhidos ali”, acrescentou. “Temos de ter cuidado para não colocar a nossa convicção pessoal, subjetiva, religiosa, além da nossa vinculação partidária para presidir uma série de iniciativas aqui na Casa. Temo que o presidente da Câmara esteja se deixando levar por esse tipo de procedimento.”

Já o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) lembrou que o Brasil é um país laico, que preserva a liberdade religiosa, e relativizou a questão da fé. “A religião de quem ocupa postos importantes não é o que deve doutrinar a ação da função pública, e sim a sua competência, a sua história e os seus compromissos com objetivo de que aquele cargo necessita. Qualquer que seja a religião, em um país que tem a sua separação de estados e o respeito à diversidade religiosa, é algo que tem o nosso respeito”, ponderou o tucano, com a ressalva de que limites têm de ser observados.

Ele prosseguiu: “Só vejo problema [na indicação de Madalena] se houver desvio de função ou a utilização do cargo em prol da religião. Aí, sim, é um desvio. Mas qualquer brasileiro tem a sua religião, e sua religião tem que ser respeitada no exercício das funções”, acrescentou Bruno.

A reportagem procurou Eduardo Cunha para comentar sua indicação à Diretoria de RH, por e-mail e por mensagem de celular, mas até o momento não recebeu resposta. O site se mantém à disposição para registrar a visão da presidência da Câmara sobre o assunto.

Aprovado projeto que atribui a deputado comando da Secom da Câmara







http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/eduardo-cunha-poe-evangelicos-no-comando-da-camara/












2.Bancada evangélica cresce e mistura política e religião no Congresso


Andrea Dip


Da Agência Pública19/10/201511h44 > Atualizada 19/10/201514h50


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Frente Parlamentar Evangélica/Divulgação

Culto com a presença de deputados da Frente Parlamentar Evangélica

Homens de terno e mulheres de saia com a Bíblia na mão vão enchendo o auditório. Alguém regula o som do violão e dos microfones. A música que celebra "júbilo ao Senhor" estoura nos alto-falantes, e a audiência canta junto. Em um púlpito no palco, os pastores abrem o culto com uma oração fervorosamente acompanhada pelos fiéis.

Uma descrição comum de um culto evangélico não fossem os pastores, deputados, falando de um o púlpito improvisado no plenário Nereu Ramos da Câmara dos Deputados de um país laico chamado Brasil. E se o (até então) presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), anunciado do púlpito ao entrar no recinto pelos pastores João Campos (PSDB-GO) e Sóstenes Cavalcante (PSD-RJ), não tivesse deixado de lado a agenda oficial para participar da celebração e tirar selfies com pessoas que se amontoavam ao seu redor.

Certamente seria bem menos estranho se logo atrás de mim, no fundo do auditório, assessores de parlamentares não estivessem fazendo piadas de cunho homofóbico e rindo alto durante boa parte do evento, que se tornou show com a chegada da aclamada cantora gospel Aline Barros, vencedora do Grammy Latino 2014 e um dos cachês mais altos do mundo gospel brasileiro. Ela tinha viajado do Rio a Brasília com o marido, o ex-jogador de futebol e hoje pastor e empresário gospel Gilmar Santos, especialmente para cantar e orar naquela manhã de quarta-feira no Congresso. Ao final do culto/evento, todos receberiam um CD promocional de Aline.

Aline Barros entoou alguns de seus sucessos com o auxílio de um playback, antes da pregação do marido. O tema é a luta do profeta Elias contra Jezebel, a princesa fenícia que se casou com o rei de Israel e, uma vez rainha, perseguiu e matou profetas israelitas. A imagem da mulher poderosa de alma cruel é usada por dezenas de sites religiosos, que comparam Jezebel à presidente Dilma Rousseff, ameaçando-a de acabar como a rainha, comida por cães.
"Em Tiago capítulo 5, versículo 17, está escrito que Elias era um homem como nós. Ele orou e durante três anos e meio não choveu. Depois ele orou de novo e Deus manda vir a chuva", diz o pastor Gilmar, dirigindo-se aos parlamentares. "Muitas vezes a gente tem orado 'Deus sacode esse país, traz um avivamento, faz algo novo'. Deus está fazendo. Mas a forma que Deus está fazendo nem sempre é do jeito que a gente quer, da nossa maneira. Muitas vezes a gente queria que Deus fizesse chover dinheiro do céu, que fizesse anjo carregar a gente no colo pra levar a gente pra todos os lados e queria pedir pra Deus pra sentar numa rede, pra ele trazer um suco de laranja e operar, trabalhar. 'Manda fogo, destrói aquele endemoniado, aquele idólatra.' Mas Deus não faz dessa forma." Por que Deus escondeu Elias? Por que Deus tem escondido muitos de vocês e ainda não estão nos jornais como sonharam ou não tiveram reconhecimento como sempre sonharam? […] Deus está te escondendo, querido. No momento certo tudo vai acontecer, você vai ser exaltado. Deus sabe como honrar. […] Pode ser o momento mais difícil do seu mandato, mas continua confiando. Muitas pessoas podem estar vivendo uma seca nesse país. Nosso país pode estar vivendo o momento mais seco da história. Vidas secas. Mas o céu nunca vai estar em crise. Nunca tem crise, nunca tem crise."
Sem crise

O número de evangélicos no Parlamento cresceu, acompanhando o aumento de fiéis. Segundo os últimos dados do IBGE, que são de 2010, o número de evangélicos aumentou 61% na década passada (2000-2010). Por sua vez, a Frente Parlamentar Evangélica (FPE), encabeçada pelo deputado e pastor João Campos, agrega mais de 90 parlamentares, segundo dados atualizados da própria Frente – os números podem variar por causa dos suplentes – o que representa um crescimento de 30% na última legislatura.

A mistura de política e religião é a marca da atuação dos pastores deputados. Campos, por exemplo, é presidente da Frente Parlamentar Evangélica, autor do projeto de lei apelidado de "cura gay" e defensor destacado da redução da maioridade penal, como a maioria da chamada "bancada da bala" – em 2014 ele recebeu R$ 400 mil de uma empresa de segurança para sua campanha. Cavalcante ex-diretor de eventos do pastor Silas Malafaia, seu padrinho na fé e na política, é presidente na Comissão Especial que trata do Estatuto da Família.

Encorajada por Eduardo Cunha, que assumiu a presidência da Câmara dizendo que "aborto e regulação da mídia só serão votados passando por cima do meu cadáver", a bancada evangélica tem conseguido levar adiante projetos extremamente conservadores, como o Estatuto da Família (PL 6.583/2013), que reconhece a família apenas como a entidade "formada a partir da união entre um homem e uma mulher, por meio de casamento ou de união estável, e a comunidade formada por qualquer dos pais e seus filhos", que deve seguir para o Senado nos próximos dias. A PEC 171/1993, que usa passagens bíblicas para justificar a redução da maioridade penal, também foi aprovada na Câmara e aguarda análise do Senado, sem previsão de votação. O próprio Eduardo Cunha é autor do PL 5.069/2013, que cria uma série de empecilhos para o direito constitucional das mulheres vítimas de violência sexual realizarem aborto na rede pública de saúde. Esse está na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara. Também foi nesta legislatura que a bancada conseguiu barrar o trecho que trata do ensino da ideologia de gênero nas escolas no Plano Nacional de Educação.

Ainda segundo os dados fornecidos pela FPE, a maioria dos parlamentares pertence a igrejas pentecostais: a Assembleia de Deus é a que mais congrega esses fiéis, seguida pela Igreja Universal do Reino de Deus, que tem como figura de destaque o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). Também tem representantes no Congresso as igrejas Sara Nossa Terra e a Igreja Quadrangular.

Como acontece com os partidos na política, os membros também trocam de denominação. Eduardo Cunha recentemente trocou a Sara Nossa Terra pela Assembleia de Deus, onde já estavam os colegas João Campos e Marco Feliciano. Entre os membros das protestantes históricas estão Jair Bolsonaro (batista) e Clarissa Garotinho (presbiteriana).

O sociólogo e escritor Paul Freston, professor catedrático em religião e política da Wilfrid Lauries University, do Canadá, explica que as igrejas pentecostais se diferenciam das protestantes históricas principalmente pela ênfase da crença nos dons do Espírito Santo, como "falar em línguas" e agir em curas e exorcismos. "Por ser uma forma mais entusiasmada de religiosidade, depende menos de um discurso racional, elaborado. Você pode não saber ler ou escrever, pode ser alguém que não ousaria fazer um discurso racional em público, mas sob influência do Espírito você fala. Por isso pode-se dizer que a igreja pentecostal também tem esse poder de inverter as hierarquias sociais", explica o professor. E destaca: "Por ser mais próxima da cultura do espetáculo e menos litúrgica, também são as igrejas pentecostais que se dão melhor com as mídias".

Clique aqui para ler a reportagem no site da agência Pública







http://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2015/10/19/bancada-evangelica-cresce-e-mistura-politica-e-religiao-no-congresso.htm




3.Cunha tem apoio de evangélicos, ruralistas e bancada da balaApesar do agravamento de denúncias, presidente da Câmara mantém aliados






POR ISABEL BRAGA
11/10/2015 7:00
O presidente da Câmara Eduardo Cunha - Jorge William / 08-10-2015 / Agência O Globo




BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem hoje como pilares políticos espalhados em três fortes bancadas na Casa: a dos evangélicos, a dos ruralistas e a chamada bancada da bala. Mais do que a gratidão por desengavetar matérias que há anos eram tabu na Casa, como a que garantiu a redução da maioridade penal, esses aliados ainda têm esperança de ver votados projetos como o que revisa o Estatuto do Desarmamento e o polêmico Estatuto da Família. Mesmo com o agravamento das denúncias contra Cunha - na sexta, veio à tona relatório do Ministério Público suíço mostrando que ele usou contas secretas na Suíça para pagar faturas de cartões de crédito e despesas pessoais da mulher e da filha na Inglaterra, na Espanha e nos Estados Unidos, como aulas de tênis -, essas bancadas preferem agir com cautela e, em conversas ao longo da semana, defenderam o aliado. Para completar, Cunha tem a solidariedade das mais de duas dezenas de parlamentares que, como ele, estão sendo investigados pela Operação Lava-Jato. Nos bastidores, porém, todos os grupos reconhecem que trata-se de uma corrida contra o tempo.

Segundo aliados, a força de Cunha se explica por vários motivos. Primeiro, a relação que cultivou com os colegas ainda como líder do PMDB. Cunha sempre optou por agir de forma solidária com colegas acusados, até mesmo no caso do primeiro deputado preso, Natan Donadon. Também conquistou a fama de alguém que cumpre compromissos, conquistando o reconhecimento até entre petistas. Aliados dizem que Cunha representa "o máximo do espírito de corpo da Casa" e que, como presidente, valorizou a Câmara em contraponto ao Executivo.

— Ele é um daqueles que a Casa toda vai à beira da cova e, mesmo na beirada, tentará segurá-lo, em vez de empurrar, como diz o ditado muito repetido na política. Agora, só tem uma vaga na cova, por isso, no limite, não vão pular junto com ele — comenta um aliado próximo.



— A oposição não vai empurrá-lo para o abismo, mas também não vai segurá-lo. Não tem o que fazer quando estourar e aparecer o extrato. A situação dele já está definida, ele está perdido, mas vai fazer o impeachment. Sai da presidência e se defende como deputado. O problema é: qual o prazo? Mesmo no Conselho de Ética a coisa leva tempo — acrescenta um oposicionista.




Dilma teme ‘comportamento imprevisível’ de Cunha
Lobista pagou a Cunha após negócio com a Petrobras
Base e oposição já se articulam para sucessão de Cunha

O aumento das informações contra Cunha começa a incomodar os aliados. A oposição tem tentado evitar declarações sobre a situação, e mesmo os mais próximos não escondem o constrangimento. Mas afirmam que o sentimento que ainda predomina é que não se pode trucidar Cunha e deixar que Dilma escape. E que Cunha tem apoio de parte da população para viabilizar o impeachment antes de cair.

Presidente da Frente Parlamentar do Agronegócio, Marcos Montes (PSD-MG) justifica o apoio dos ruralistas a Cunha sustentando que ele desengavetou matérias importantes para o setor: o projeto que regulamenta a contratação de trabalhadores terceirizados, a aquisição de terras por estrangeiros, a retirada do símbolo de transgênicos dos rótulos e a recriação da comissão especial da PEC 215, que tira do Executivo e transfere para o Congresso a homologação de terras indígenas.

Há quase um mês, já sob o impacto das acusações da Lava-Jato, Cunha particpou de um dos almoços realizados semanalmente pela frente, onde são debatidos os projetos de interesse da bancada, e recebeu apoio dos mais de 50 deputados presentes. Montes diz que é preciso aguardar fatos jurídicos mais concretos em relação às contas de Cunha na Suíça.

— A última discussão que tivemos sobre isso foi aquele dia (do almoço). O presidente Cunha tem sido um bom presidente, tem pautado matérias que estavam engavetadas e são relevantes para o setor. Mostramos a ele, e ele pautou, independente de acordo de mérito. Esta semana conversei com ele sobre a nova legislação para agroquímicos e tenho certeza de que ele criará uma comissão especial para o debate — disse Montes.

— Enquanto não tiver posição efetiva jurídica, não vamos nos movimentar. É claro que a situação está se agravando, mas não tem nada comprovado que eu saiba. Assim como sou contra o impeachment da presidente Dilma sem embasamento jurídico.



O presidente da Frente Parlamentar Evangélica, João Campos (PSDB-GO), também ressalta o papel que Cunha desenvolve, enfrentando temas polêmicos, e diz que, por enquanto, a frente não conversou sobre as denúncias. Com a eleição de Cunha, o grupo ganhou força e sentiu-se mais à vontade para tocar projetos polêmicos como o do Estatuto da Família, que define família como união entre homem e mulher.

— Não conversamos sobre isso (contas de Cunha na Suíça), não. Estamos aguardando a confirmação dos fatos para definir a postura. É preciso aguardar o Ministério Público e o Supremo se pronunciarem - afirmou Campos.

Outro grupo que costuma fazer barulho é o da chamada bancada da bala, composta por deputados ligados à indústria das armas, ex-policiais e militares. Em plenário, uma das conquistas muito comemoradas por ela foi a aprovação de projeto que torna hediondo e aumenta a pena para o crime de assassinato e lesão corporal gravíssima contra policiais, bombeiros, agentes carcerários, militares das Forças Armadas e integrantes da Força de Segurança Nacional no exercício de sua função.

Para pressionar pela votação, cercada de polêmica e críticas de outros deputados que questionavam a proposta, deputados da bala se uniram a deputados da bancada evangélica, posicionaram-se em pé atrás de Cunha, que presidia a sessão, e comemoraram. Outra vitória dos grupos que são pilares de Cunha foi a votação da PEC que reduz a maioridade penal. A bancada da bala também tenta fazer avançar o projeto que flexibiliza o Estatuto do Desarmamento.

De olho no impeachment de Dilma, a oposição reconhece a gravidade das denúncias, mas mantém o apoio a Cunha. O líder do Solidariedade, deputado Arthur Maia (BA), diz que, assim como Cunha, outros também estão sendo investigados na Lava-Jato e que é preciso aguardar o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal:

— Não tenho condições de avaliar qual situação é mais ou menos grave. Está sendo dada visibilidade grande ao caso do Cunha. Não vou me envolver em posições que estão sendo investigadas pelo MP. Quem tem que dar uma resposta definitiva a isso é o Judiciário.

Diferentemente da oposição, que pretende segurar Cunha para viabilizar processo de impeachment, deputados da base mantêm apoio ao peemedebista pelo contraponto ao Executivo. Para eles, Cunha fortaleceu a Câmara frente ao governo.

BANCADA EVANGÉLICA

Sob a presidência de Cunha, que é evangélico, a frente parlamentar que reúne 88 deputados já conseguiu fazer avançar na Câmara a votação do Estatuto da Família.

BANCADA DO AGRONEGÓCIO

A Frente da Agropecuária tem 198 deputados. Cunha desengavetou projetos como o que tira do Executivo e transfere para o Congresso a homologação de terras indígenas.

BANCADA DA BALA

Formada por deputados ligados à indústria de armas, ex-policiais e militares, a bancada comemorou a redução da maioridade penal e quer mudar o Estatuto do Desarmamento.


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PSDB, DEM, SD E PPS

Juntos, os quatro principais partidos defensores do impeachment somam 102 deputados. A oposição também é grata a Cunha por pautar em plenário matérias contra o governo.

OS INVESTIGADOS

Há hoje no STF inquéritos contra 23 deputados por envolvimento nas denúncias da Operação Lava-jato. Cerca de cem outros respondem a ações penais e inquéritos diversos.

(Colaborou: Júnia Gama)



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/brasil/cunha-tem-apoio-de-evangelicos-ruralistas-bancada-da-bala-17748829#ixzz4KnI7vxTr
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4.Bancada Evangélica aposta em governo Temer para avançar em pautas conservadorasHuffPost Brasil | De Marcella Fernandes e Grasielle Castro


Publicado: 17/04/2016 00:49 BRT Atualizado: 17/04/2016 13:19 BRT



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Com 79 deputados, a Frente Parlamentar Evangélica aposta em um governo do PMDB para avançar nas pautas conservadoras.

Após declarar apoio ao impeachment da presidente Dilma Rousseff, a bancada tem se reunido com o vice-presidente, Michel Temerem busca de apoio.

Quanto ao posicionamento diante da conduta do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro, a frente silencia.

Um dos articuladores das votações de projetos considerados retrocessos aos direitos humanos, o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), vê em um eventual governo Temer menos resistência à agenda da bancada, tema das reuniões com o peemedebista, conforme disse ao HuffPost Brasil.

“O governo do PT é um governo muito mais ideológico em seus princípios do que nos princípios da cultura religiosa do País. Portanto, eu acho que, com o Michel Temer, estes nossos assuntos terão ao menos mais diálogo e mais facilidade, o que em nenhum momento de 13 anos do governo do PT nós conseguimos, excetuando os dois primeiros anos do presidente Lula”, argumentou.

Na agenda pós-impeachment, as prioridades da Bancada Evangélica são: o Estatuto da Família (PL 6583/2013), o Estatuto do Nascituro (PL478/2007) e a PEC 99/2011, que permite entidades religiosas propor ação direta de inconstitucionalidade e ação declaratória de constitucionalidade ao Supremo Tribunal Federal. Atualmente essa prerrogativa é restrita a chefes do Executivo e Legislativo federais e estaduais, ao procurador-geral da República, Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), partido político ou entidade de classe de âmbito nacional.

Alvo de protestos em diversas cidades do país em 2015, o PL 5069/2013, de autoria de Cunha, que dificulta o atendimento às vítimas de estupro, também está na lista.

“Manifestação não influencia no voto de convicção da Bancada Evangélica e nessa hora a gente faz uma interlocução muito boa com as bancadas da segurança pública e da agricultura. Quando a gente junta as três bancadas, a gente aprova”, torce Sóstenes.

A Frente da Segurança conta com 210 deputados e a da Agricultura com 191, sendo que há nomes nas três.

Além de apresentar a agenda para Temer, as conversas trataram também do apoio ao peemedebista. Hoje 58% dos brasileiros são favoráveis ao impeachment do vice.

“Se o governo Temer assumir, precisa de apoiamento não apenas dos partidos politicos, mas também da sociedade. O segmento religioso católico-evangélico toda semana fala com a base porque as igrejas têm capilaridade’”, afirma o presidente da Bancada Evangélica, deputado João Campos (PRB-GO).

Quanto ao enfrentamento a Cunha, também integrante da bancada, os líderes do grupo silenciam.

“Só vamos discutir isso no dia que sair do Conselho de Ética”, disse Campos ao HuffPost Brasil.

Presidente do PSC, partido favorável à saída de Dilma, pastor Everaldo cita a Bíblia para fugir do assunto Cunha.

“Não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã trará as suas próprias preocupações. Basta a cada dia o seu próprio mal”, afirma.







http://www.brasilpost.com.br/2016/04/17/bancada-evangelica-temer_n_9712304.html












5.‘Tenho mais de 200 deputados para sustentar’, disse Eduardo Cunha, segundo delator
Frente a frente com ex-presidente da Câmara, Júlio Camargo relata a juiz instrutor do Supremo que peemedebista 'justificou' extorsão com supostos repasses a colegas da Casa

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Julia Affonso, Mateus Coutinho e Fausto Macedo

09 Agosto 2016 | 10h03

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Cunha disse que era merecedor de US$ 5 milhões, afirma delator


Eduardo Cunha, ao ser eleito presidente da Câmara com amplo apoio. Foto: Divulgação/Agência Câmara

O lobista Júlio Camargo, um dos delatores da Operação Lava Jato, confirmou em depoimento ao Supremo Tribunal Federal que, em 2011, foi pressionado e extorquido pelo deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ) – ex-presidente da Câmara – a pagar propina de US$ 5 milhões. “Para justificar a cobrança dos valores, ele (Eduardo Cunha) disse que tinha uma bancada de mais de duzentos deputados para sustentar”, afirmou o delator.

O depoimento de Júlio Camargo ocorreu nesta segunda-feira, 8, na 6.ª Vara Criminal Federal da Justiça Federal em São Paulo.

À sala de audiência estava presente o réu – Eduardo Cunha, denunciado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O procurador-geral da República acusa o parlamentar de receber ao menos US$ 5 milhões de propina referentes a contratação de um estaleiro para a construção de dois navios-sonda pela Diretoria Internacional da Petrobrás, em 2006 e 2007.

A presença do ex-presidente da Câmara não intimidou Júlio Camargo. Frente a frente com o acusado, o delator reiterou os detalhes da extorsão que afirma ter sofrido.

No início da audiência, a defesa do peemedebista requereu a suspensão do ato. O juiz Paulo Marcos de Farias, instrutor do Supremo, indeferiu o pedido do ex-presidente da Câmara.

Em seu relato, Júlio Camargo manteve as informações que já havia revelado à força-tarefa da Lava Jato sobre propinas para Eduardo Cunha no âmbito de um contrato para operação de navio-sonda da Petrobrás.

Anteriormente, à Justiça Federal ele contou que na época em que estava sofrendo pressão de Cunha chegou a procurar ajuda do então ministro das Minas e Energia, Edison Lobão (PMDB/MA). Segundo ele, Lobão ligou para o deputado e disse. “Eduardo, você está louco?” O telefonema, segundo o delator, ocorreu no final da tarde de um domingo, em 2011, na Base Aérea do Aeroporto Santos Dumont, no Rio.

COM A PALAVRA, EDUARDO CUNHA:

O ex-presidente da Câmara sempre negou o recebimento de propinas. Procurado nesta segunda-feira, 8, por meio de sua assessoria, o parlamentar não retornou.




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