A família pertence a si mesma, mas pertence também á sociedade, ela pertence somente a si e à sociedade, cada um pertence a ela, e ela a si à sociedade. Marido e esposa se pertencem, pois esta faz parte da família, como também os filhos e os próprios pais. Ninguém é de si mesmo, mas da família, e ela a si e à sociedade. Ela tem donos, ela mesma e a sociedade. Nisto, ela é uma ilha que faz parte de um enorme arquipélago, isolada de outras ilhas, tudo nela é dela, tudo dela é dela, só dela e da sociedade. Nenhum componente familiar tem direitos sobre si e sua vida, seu corpo ou seus sonhos, tudo é da família e da sociedade. A família para sobreviver bem, tem que usar de seus mecanismos para fazer valer sua propriedade sobre as vidas em sua ilha, pois a sociedade tem e usa muito bem estes seus mecanismos, pois a família é dela mesma e dela. Na verdade, somando todas as ilhas e a importância delas, e o fato de que todas pertence ao grande arquipélago, como ocorre dentro de cada família em relação a ela mesma, a sociedade é a família maior onde tudo e todos pertencem a ela como família e como sociedade.
Fascinante nisto tudo, é que a família, para sobreviver como família, como ilha, depende não só da sociedade, mas de pertencer a ela, e por isto ser diretamente influenciada por esta propriedade não-imposta, mas conveniente a todas as ilhas. Por sua vez, a sociedade depende e não depende; ela pode sobreviver muito bem sem qualquer nova família que venha querer se juntar ao arquipélago, mas depende totalmente da existência de famílias, pelo menos das já existentes e propriedade natural do seu ser social.
22 de Dezembro de 2010 - Pr.Jônatas David