O que seria família se não uma abelhada conjunta e macia de gente faminta por calor e carinho? O que seria essa abelhada afoita, se não um aconchego íntimo de pessoas ofegantes de dar, sempre dar, e nisto entender e sentir que recebeu muito? Esse aconchego tem canto, lugar próprio se faz existir naquele endereço sentimental que todos os envolvidos compreendem e fazem valer para si e para o mundo inteiro. Esse canto tem doce, um jeito mavioso de delírio viciante que adorna o dia de cada um, o temperamento e os sonhos de cada um. Esse doce que é muito real, faz-se teia, uma rede invisível mas muito segura que parece não existir, algumas vezes, mas se mostra colante, grudenta, grandemente sintonizada com as necessidades que cada familiar possui para ser gente, para sentir-se gente, para saber-se contente. Essa teia armada e contagiada, faz, e sempre fez, os mamíferos sobreviverem a todas as catástrofes que surgem capazes de exterminar os dinossauros. Há algo de divino na família, nos laços amigáveis que se aprofunda no relacionamento familiar; uma mistura de argila e sonho, de defeitos e benfeitos, de devoção e amadorismo, um grande enfeito de vida maciça e modelar.
Ter família é ter o mundo, é ter a vida, é ter futuro, é ter sobrevivência. Ser família é ganhar a si, conquistar os outros, assumir um papel social, fazer-se presente essencial na sociedade inserida. Reconhecer família é respeitar a si mesmo, é respeitar o próximo, a liberdade de todos serem eles mesmos, é ter o interesse de ajudá-los quando pagam um preço pelas opções que assumiram. Conhecer família é ser diferente, é parecer com muitos, é fazer parte de muitos que habitam, por todos os lados, o mundo, e por isto ainda há famílias, ainda há sonhos, ainda a gente ainda há mundo e futuro nele.
01 de Dezembro de 2010 - Pr.Jônatas David