Quem você venera que te encanta o canto
Quem te enlaça no laço triste da saudade que não passa
Quem você ama na noite fria, que foge em direção ao vento surdo e sombrio
E eu digo pra você, que se me amas fale baixinho, com cuidado
Não suporto esse alarde de um amor brando, pequeno demais, que não supre o que a alma sonha
Quem paga a conta desse amor que ecoa nos fundos da minha saudade
Que de esgotada nem existe mais
Quem na mansidão da tarde vem de um jeito brusco, chorando baixinho, nessa onda frívola da angústia
Meu amor, que suplica um tanto de carinho, de presença física de você que não me vem
Porque quando eu falo isso eu reforço um sentimento que tem que ficar quietinho dentro de mim para não causar alvoroço
Essas coisas têm que ficar guardadas na gente, impregnada, como se fossem uma tela que a gente pinta e tranca num quarto escuro
E fica olhando à espreita tentando decifrar
Entender porque se escondem como uma nudez devassada
Você é minha tela e meu coração o quarto escuro
Deixo essa tela nas paredes do meu canto encantado
Quando a gente a traz para luz, começam aparecer os defeitos que não temos como consertá-los
Minha tela está feliz lá dentro
Ali tem um diamante em forma de coração
Eu o quero pra mim, devagar, sem medos
Só a força dos amantes irá nos orquestrar
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Professora Nete Morais